segunda-feira, 8 de outubro de 2007

ALGUÉM SENTE VERGONHA?

Uma mistura de preguiça, desânimo e falta de tempo me deixaram longe desse canto. Mas hoje me senti motivada a escrever. Como um desabafo quero dizer o quanto me sinto envergonhada. E mais. Quero dizer também o quanto me sinto incrédula. Palavra esquisita essa, não? Mas é a realidade dos meus pensamentos. Falam que os brasileiros são um povo alegre, receptivo, de boa índole. Mas nem nisso eu acredito mais. Sim, pode-se dizer que vivemos de certa forma com alegria, apesar de estarmos sempre na corda bamba. Mas fora isso somos burros, corruptos, infelizes. Sim, é uma crítica. Que serve pra mim, serve pra você. Somos craques em falar mal das autoridades. Mas nem piscamos se vemos uma brecha pra furar uma fila, pra "roubar" uma vaga de estacionamento, pra colar numa prova. Sentimos até orgulho de certos feitos, como enganar o chefe (que ainda se critica por restringir o uso da internet e MSN). Estou generalizando, lógico. Por que de tudo isso? Oras, está na frente do nariz, no dia a dia. Mas de ouvir as manchetes do Bom Dia Brasil de hoje senti um chacoalhão. Não há notícias boas. Até mesmo os gols do futebol são de desanimar(falo isso por causa do meu tricolor que tá com um pezinho na segundona...). E a sensação que eu tenho é que essas notícias ecoam no vazio. Eu ia ouvindo aquilo, perplexa. E de que adianta essa minha perplexidade? O programa acabou, desliguei a TV e vim trabalhar. Pronto, fim de papo.

Me perdoem se ofendo alguém, mas que país de merda que vivemos. Posso listar aqui uma infinidade de absurdos. Mas nem vou me dar esse trabalho. Vou deixar abaixo o texto que o Alexandre Garcia falou hoje, sobre acidentes de trânsito. Quem não viu e tiver interesse, leia.

Boa semana a todos, com um pouco mais de conciência.


Os casos de abuso e crime por parte de motoristas imprudência estão chegando ao limite do absurdo. É falta de fiscalização e impunidade, autoridades boazinhas e leis boazinhas. As mortes são muito mais do que se imagina. As estatísticas não contam as mortes nas cidades e nas estradas municipais e as que ocorrem por causa dos acidentes até 90 dias depois.
O acidente na Ponte JK, em Brasília, confirma o que já foi constatado nas emergências dos hospitais: o banco mais perigoso do carro é o traseiro, porque, por algum motivo, as pessoas não estão usando cinto no banco traseiro. A diferença entre a vida e a morte é o clique do cinto.
No caso da Ponte JK, os que estavam nos bancos da frente saíram ilesos, porque estavam com cinto. As três senhoras que estavam no banco traseiro, sem cinto, foram projetadas para fora e se chocaram de cabeça contra o concreto.
Estou cansado de quebrar unhas tentando tirar de baixo do banco a ponta de cintos traseiros de táxis, à exceção de Brasília. O desinformado motorista diz que atrás não precisa de cinto, como se a lei da inércia e a lei de trânsito tivessem sido revogadas.
Já socorri um acidente de um carro que se chocou contra um poste a 40 quilômetros por hora, e os dois jovens que vinham atrás, sem cinto, mataram, com cabeçadas na nuca, os dois da frente, que estavam de cinto.
Se vocês acham que 40 km/h é pouco, experimentem vir caminhando a 4 km/h e dêem com a cabeça no poste. E pensar que há país egoístas que dirigem protegidos pelo cinto e deixam os filhos soltos no banco traseiro, prontos para serem catapultados para fora.
O que fazer? Falta prevenção? O Código de Transito que acabou de completar dez anos foi pouco eficiente? Dez anos, e ninguém lê o código. Por exemplo, não sabem que é proibido dirigir de luz alta e usam na cidade o farol auxiliar, que só tem um facho e foi feito para ofuscar, para identificar o carro dentro de neblina.
Ninguém deveria dirigir sem ter decorado o código, que é um manual de sobrevivência. Enfim, usam o carro como brinquedo, como se as pistas fossem um grande Autorama, em que se mata muito todos os dias.


Alexandre Garcia